Saneamento descentralizado e sustentável

saneamento sustentável descentralizado

Os conceitos de saneamento descentralizado e sustentável têm seu foco no tratamento e reciclagem de recursos presentes nos esgotos domésticos. Há três recursos principais:

A bioenergia gerada pela transformação de material orgânico;

Nutrientes vegetais (nitrogênio e fósforo como nutrientes principais, mas também potássio e enxofre);

água (produzida após tratamento avançado de volumes de águas residuárias mais limpas).

O tratamento de volumes de águas residuárias é realizado de modo a que seu potencial de reúso seja preservado.

Em 10 de setembro de 2019, no 34º Simpósio Anual WateReuse em San Diego (EUA), a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA anunciou um projeto de Plano Nacional de Ação de Reutilização de Água para consulta pública, contendo 46 ações propostas, a serem realizadas por instituições federais, estaduais, partes interessadas privadas, a fim de promover 10 objetivos estratégicos.

Para muitos no setor de água, esse foi um reconhecimento bem-vindo, até mesmo uma validação de um novo movimento e conjunto de práticas e tecnologias que terão impacto sobre a água potável, energia, agricultura e a indústria em todos os lugares onde for adotado. Tudo isso contribui para o chamado reúso de água, a descoberta de “água encontrada” nos efluentes de uma comunidade, convertida em recurso valioso.

 Coletivamente, essas novas abordagens desconstroem a própria ideia de “efluentes”. Isso (pode) representar uma mudança, existindo (então) somente “água desperdiçada”.

Uma cartilha publicada pela American Water Works Association (AWWA) em 2016 fornece algumas definições úteis:

O reúso não potável refere-se à água que não é usada para beber, mas é segura para fins como irrigação, incluindo campos de golfe e gramados, ou processos industriais. Reúso potável “refere-se à água reciclada ou recuperada que é segura para beber.” O reúso potável indireto introduz água purificada em uma zona de amortecimento ambiental (buffer), como aquífero, reservatório ou lago, antes que a água misturada seja introduzida em um sistema de abastecimento de água.

Finalmente, o reúso potável direto “introduz a água purificada diretamente em um sistema de abastecimento de água existente”. Essa é a fronteira final do reúso da água e está apenas começando a ser contemplada nos Estados Unidos.

O reúso de água é local, sustentável e econômico, porque os efluentes estão disponíveis mesmo durante condições de seca e causam menos danos ao meio ambiente do que outras soluções de abastecimento de água, como barragens, reservatórios e canais.

Segundo a Bluefield Research, a capacidade atual de reúso nos Estados Unidos deve aumentar em 37% até 2027. As aplicações industriais crescerão 31% no mesmo ano. Os EUA já são o maior mercado de reutilização em volume, com um crescimento futuro projetado além desses dados.

”O reúso de água envolve o uso de água mais de uma vez, para expandir o abastecimento de água disponível de uma comunidade.” É muito mais econômico do que encontrar novas fontes, segundo a fonte citada.

Recuperação de recursos: Água, energia e nutrientes

 Ainda pensando em termos de benefícios gerados pelo reúso, Dupont Water Solutions traz o seguinte posicionamento: “Nós já sabemos como resolver nossos problemas com a água – agora vamos fazer acontecer”. E então faz a seguinte pergunta: “As águas residuárias são uma fonte de valiosos (recursos): água, energia e nutrientes: Como recuperar isso?”.

De acordo com Dupont Water Solutions, um estudo recente, apresentado em janeiro/2020, do Instituto para a Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas, mostrou que grandes quantidades de água, nutrientes e energia estão sendo lançados fora, por assim dizer, nos fluxos de águas residuárias do mundo.

O estudo afirma que: “Há um interesse proativo na recuperação de água, nutrientes e energia, advindos de fluxos de águas residuárias, com o aumento de volumes de águas residuárias municipais e das inovações na recuperação de recursos.”.

Globalmente, produzimos quantidades de águas residuárias equivalentes a cerca de cinco vezes o que passa por Niágara Falls durante um ano. Contida em toda esta água residuária, há energia suficiente para alimentar todas as residências nos EUA e México, nutrientes suficientes para atender 13% das necessidades globais de fertilizantes, e água suficiente para encher o Lago Ontário por quatro anos, de acordo com o estudo.

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Ricardo Camilo Galavoti

Ricardo Camilo Galavoti

Tecnólogo em Saneamento (FT/UNICAMP), Mestre em Engenharia Civil e Doutor em Ciências com concentração em Engenharia Hidráulica e Saneamento (EESC/USP), com atuação em docência do ensino superior e técnico. Pesquisador (CNPq/ EXP-D, FAPESP/PIPE). Consultoria e projetos, nas áreas de Saneamento Ambiental / Meio Ambiente e Industrial

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